Opinião

Novo mundo ou velhos (i)mundos?

1. O regresso de Trump marca uma viragem do Novo Mundo para velhos mundos imorais ou impérios da barbárie. Hoje, aliam-se à tecnologia, apesar de Trump e dos que o mimetizam não acreditarem na Ciência, nas alterações climáticas, ou nas vacinas… A vaca sagrada é o poder económico para a velha oligarquia corporativa habitual, como os “Musks das saudações nazis”. As ameaças ao Panamá, Canadá, Gronelândia, taxas aduaneiras, etc., deviam “autonomizar a Europa” antes do soçobrar total ao faroeste do nacionalismo autoritário. Para já, nos Açores, esperam-se levas de deportados, às vezes por meras bagatelas. Descendente de emigrantes, Trump é agora o carrasco da sua história! A extrema-direita de países e regiões, onde a emigração é tradicional, revê-se nas “teorias da substituição”, ou somente, na desumanidade brutal, ignorante e no caos operandi. É o Novo Mundo dos velhos (i)mundos.

2.  O país e os Açores precisam dos emigrantes. A questão do depauperamento demográfico tem razões próximas e remotas. Fixemo-nos no pós-25 de abril de 1974. Dados coligidos do SREA, indicam dois períodos nos Açores: 1975-1995 e 1996-2016. Na verdade, entre 1975 e 1995 emigraram 49 294 pessoas: 28 837 para os EUA, 18 876 para o Canadá e 1581 para as Bermudas. De 1996-2016 emigraram cerca de 5500 pessoas, sabendo-se que, dos dados disponíveis, foram 1906 para os EUA (até 2015), para as Bermudas 2571 e para o Canadá, só se conhecem dados até ao ano 2000 pelo que a estimativa até 2016 resulta em cerca de 110 pessoas. Desde 2020, os números da emigração voltaram a crescer.
Em suma, os arautos da velha autonomia PSD deviam lembrar-se que a extrema pobreza levou a grande emigração (cerca de 50 mil pessoas 1975/95) e à diminuição global da população açoriana. Após 1996, o decréscimo populacional está ligado à progressiva baixa da natalidade. Fomentar políticas de natalidade e fixar novos imigrantes são o nó górdio da inversão do ciclo de envelhecimento. As alterações demográficas costumam estar associadas a 3 fatores: i) Taxa de fecundidade, ii) Níveis de mortalidade (Esperança média de vida) e iii) Dinâmicas migratórias. Por outro lado, para a sustentabilidade demográfica ou a substituição de gerações aconteça seriam necessários 2,14 filhos por cada mulher em idade fértil. Este indicador também nos Açores tem vindo a decrescer, a par do aumento da idade média de cada mãe no nascimento do primeiro filho. Este problema complexo, carece de reforço de políticas de coesão e de incentivos à fixação, ou seja, de maior subsidiariedade interna.
Nos Açores, apesar da “tortura oficial dos números” eles só confessam a maior pobreza do país/desigualdades, o maior consumo de drogas/criminalidade, e mais endividamento. Por isso, sem criteriosos incentivos aplicados a grupos de ilhas, acentua-se o “inverno demográfico” da nossa Região. Com um presidente e governo regional agastados e desgastados, urge um Novo Futuro com novas políticas, nova geração e novo entusiasmo para um verdadeiro novo mundo.